segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Falsos documentários: Parte II – This Is Spinal Tap


Leia também:

(This Is Spinal Tap, EUA, 1984)
82min.
Direção: Rob Reiner
Roteiro: Rob Reiner, Christopher Guest, Michael McKean, Harry Shearer

A lendária banda britânica de heavy metal Spinal Tap acaba de lançar um novo disco, Smell the Glove, e anuncia uma turnê pelos EUA. O diretor Marty DiBergi, fã número um da dinossáurica banda, vê tal turnê como a oportunidade de ouro para homenageá-la documentando-a. A partir daí DiBergi passará a acompanhar todos os shows registrando-os, entrevistando os músicos e os membros da equipe da banda, e filmando tudo o que acontece nos bastidores da turnê.

DiBergi nos passa através de seu “rockumentário”, como ele chama seu trabalho, a emoção dos shows lotados do início da turnê até as humilhantes apresentações finais, onde a banda, já totalmente desprestigiada, acaba tocando num baile militar.
         
Nos mostra que os três integrantes da banda são um trio de “bestas quadradas” com suas entrevistas pretensiosas e seus egos inflados. Capta momentos marcantes de bastidores, como os problemas da censura com a capa do disco e o rompimento e eventual retorno do guitarrista com o resto do grupo.
         
Lendo esta sinopse é fácil acreditar que se trata de mais um documentário sobre uma banda das antigas que tenta um retorno e falha miseravelmente, uma história muito comum no mundo da música pop. Porém, o fato é que a banda Spinal Tap simplesmente não existe, o grupo foi formado somente para a realização do filme, o primeiro longa do diretor Rob Reiner (Conta Comigo, Louca Obsessão).
         
Escrito por ele em parceria com os atores Christopher Guest, Michael McKean e Harry Shearer, que interpretam respectivamente o guitarrista Nigel Tufnel, o vocalista e guitarrista David St. Hubbins e o baixista Derek Smalls, o filme nasceu quando os quatro receberam 10.000 dólares para escrever um roteiro e utilizaram o dinheiro para fazer um curta-metragem como demonstração do que tinham em mente. A ideia agradou, e o longa pôde ser realizado, sendo que várias cenas do curta acabaram entrando no filme.
         
Quem não conhece muito sobre rock, e até quem conhece, é facilmente enganado pelo filme passando a acreditar que a banda é real. Vários fatores contribuem para a veracidade da história:

- Os três atores principais são também competentes músicos e foram responsáveis pela criação das músicas do repertório do Spinal Tap. Além disso, nas cenas de shows eles estão realmente tocando.

- Diversos fatos ocorridos com a banda, como, por exemplo, passarem de meros imitadores dos Beatles a metaleiros progressivos, mesmo que exagerados para maiores efeitos cômicos, são inspirados em histórias que realmente aconteceram com bandas verdadeiras.

Somente nos créditos finais sobe uma mensagem dizendo que a banda Spinal Tap é fictícia. Esteticamente trata-se de um documentário convencional: Marty (o próprio Rob Reiner) faz uma pequena introdução sobre sua obra e passa a intercalar cenas dos shows com imagens de bastidores, festas, eventos promocionais, com entrevistas com a banda e pessoas envolvidas, sendo que ele mesmo assume o papel de entrevistador.

O filme segue uma certa linearidade mostrando de início o apogeu da banda com o sucesso dos primeiros shows até a decadência das últimas apresentações. As entrevistas e as cenas de bastidores seguem essa mesma ordem: no começo, tudo uma maravilha, e no final, brigas, discussões e a eventual saída de Nigel Tufnel e do empresário do trio por interferências da mulher do vocalista David St. Hubbins nos assuntos da banda (uma “homenagem” a Yoko Ono).

Porém o filme acaba bem, com a banda fazendo sucesso no Japão graças a uma onda de nostalgia que os coloca novamente no topo da parada de sucessos nas terras nipônicas. Para encerrar, um detalhe interessante: devido ao enorme sucesso do filme junto ao público roqueiro, a banda pulou da ficção para a realidade. Os três atores gostaram tanto da brincadeira que decidiram tornar a banda real, ainda que temporariamente, gravando discos e fazendo alguns shows especiais.

Em 2000 o filme foi relançado nos cinemas dos EUA e da Europa sendo seguido do lançamento de uma edição especial em DVD contendo cerca de uma hora e meia de material cortado da edição final.Ele permanece inédito em nossos cinemas e locadoras, podendo ser visto, contudo, em canais a cabo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário